30 agosto 2006

Experiência? Quem a tem?

Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: Você tem experiência? A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA:

Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus.

Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.

Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.

Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.

Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?".

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência. Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

"Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?"

16 agosto 2006

Eles fazem sorrir

Por Flavio Gomes*

Não queira ter uma relação com seu carrão cheio de botões, reboque cromado para não puxar nada, flex powers, trios elétricos, fly by wire, e ABS igual à que eu tenho com os meus. Você vai perder. Meus carros têm nome, eu converso com eles e entendo o que se passa no seu coração. Ninguém olha para você nesse esquife filmado com vidros escuros como o breu. Para mim, todos olham e acenam.

Se o seu carrão pifar no meio da rua, ou numa estrada no fim do mundo, ninguém vai parar para te ajudar. E se alguém se aproximar, você vai achar que é ladrão. Se um dos meus estancar no meio da avenida mais movimentada de São Paulo, vem um monte de gente para empurrar. E é o pai de um que teve um igual ao meu, o tio do outro que dirigia um táxi idêntico, a avó de um terceiro que ainda tem o seu guardado na garagem que só usa para ir à feira, e se eu não souber o que fazer para ele pegar de novo, alguém saberá.

Meu kit de sobrevivência nas ruas é barato. Um joguinho de ferramentas, desses que se compram em camelôs, com uma chave de fenda, um alicate, algumas chaves de boca. Um frasco com gasolina para jogar no carburador de vez em quando, um galão de água para refrescar o radiador. Oh, que coisa mais primitiva, dirá você.

OK. Tenha uma pane no seu carrão eletrônico para ver o que acontece. Nem tente abrir o capô. Você não sabe o que tem lá dentro. Cuidado, ele pode te engolir. Torça para o celular estar com o sinal pleno e chame um guincho, a seguradora, o papa. Sente e espere. Seu carrão só vai funcionar de novo quando conectarem um laptop nele. E prepare o talão de cheques.

Meus carros, não. Têm carburadores, distribuidores, diafragmas, bobinas e velas, tudo à vista. Sei quando o piripaque é na bomba de gasolina. Sei quando é sujeira da gasolina. Sei assoprar um giclê. Aliás, sei onde fica o giclê. Procure algo parecido na sua injeção eletrônica.
Seu carro é um emérito desconhecido sem história ou currículo. Os meus têm 40 anos ou mais, já passaram por muita coisa nessa vida, e quando saíram de uma concessionária, décadas atrás, estacionaram na garagem em forma de sonho realizado. Carro fazia parte da família, antigamente.

Ah, mas o meu tem ar-condicionado, disqueteira e controle de tração, dirá você. Sim, mas você nunca terá o prazer de dirigir de vidros abertos e cotovelo para fora da janela, meu rádio toca as mesmas músicas, e não me faça rir com o seu controle de tração. Quantas vezes ele foi necessário?

Além do mais, existe um negócio chamado prazer. Prazer de ter algo que lhe é caro e precioso, mesmo que não valha muita coisa. Carros iguais ao seu todo mundo tem. Vejo aos milhares todos os dias, e nenhum deles tem a cara do dono. Os meus têm. E quando eles quebram, eu mesmo conserto. E eles me agradecem andando de novo, fazendo com que as pessoas sorriam quando passam, fazendo barulho e soltando fumaça.

Não há nada como um automóvel que faça alguém sorrir.

* Flavio Gomes, 41, é jornalista, tem sete DKWs, quatro Volkwagens e uma Lambretta, todos fabricados entre 1958 e 1970. Está à procura de um Passat, "para colocar volante de TS e um toca-fita Bosch Rio de Janeiro com amplificador Tojo".

09 agosto 2006

Poesia do véio matuto

Vô contá como é triste, vê a veíce chegá,
Vê os cabelo caíno, vê as vista encurtá
Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá
Vê "aquilo" esmoreceno, sem força pra levantá.

As carne vão sumíno, vai pareceno as vêia
As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia
As oiça vão encurtando, vão aumentano as orêia
Os ovo dipindurano e diminuíno a pêia.

A veíce é uma doença que dá em todo cristão
Dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão
Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão
Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece
Vai passano pelas ruas e as "minina" se oferece
A gente óia tudo, benza Deus e agradece,
Correno ligeiro pra casa, ou procurano o INSS.

No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava
Eu tinha mil namorada, tudo de bão me sobrava
As minina mais bonita da cidade eu bolinava
Eu fazia todo dia, chega o bichim desbotava.

Mas tudo isso passô, faz tempo, ficô pra tráis
As coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz
O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz
Pra falá mesmo a verdade, nem trepá eu trepo mais.

Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça
Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beija e abraça
Porém só faiz duas coisa:
sorta peido e acha graça.

03 agosto 2006

Debes Primero Perdonar

(Martin Valverde - CD Amense)

Sé que es difícil perdonar
cuando no sabes amar
El rencor es algo tan amargo adentro
no te deja sonreír,
ya no quieres vivir
¿Porqué no dejas eso atrás y empieza a amar.

Alguien que te amó su propia vida la entregó
para que fueras libre de ese cautiverio.
Él perdonó a los demás
sin importar si hicieron mal
¿Porqué en lugar de odiar no decides hoy amar?

Sólo tienes que amar
El perdonar es una decisión
que deja en libertad tu corazón
y limpia toda herida
la amargura en ti no reinará.

Sólo Dios puede juzgar
tú no puedes condenar
y mucho menos murmurar

Si tu quieres que el Señor te perdone
debes primero perdonar.

*****************T R A D U Ç Ã O L I V R E *******************

DEVES PRIMEIRO PERDOAR
(Martin Valverde - CD Amense)

Sei que é difícil perdoar
Quando não se sabe amar
O rancor é algo muito amargo dentro
Não te deixa sorrir
E não quer mais viver
Porque não deixa isso prá trás e experimenta amar?

alguém que te amou sua própria vida entregou
pra que estivesse livre desse cativeiro
Ele perdoou aos seus iguais
Sem importar se fizeram mal
Porque no lugar de odiar não decide hoje amar?

Tu somente deve amar
Perdoar é uma decisão
Que deixa livre o seu coração
E limpa toda a ferida
A amargura em ti não reinará

Somente Deus pode julgar
Você não pode condenar
E muito menos murmurar

Se tu queres que o Senhor te perdoe
Deves primeiro perdoar

================
Da próxima, colocarei comentários a respeito.

14 julho 2006

Todos os sentidos (poema)

Percebi,
A presença suave,
Envolvendo meu corpo,
A leveza do toque,
Os fios de ouro.

Vi,
Os olhos que fascinam,
A silhueta envolvente,
A beleza das cores,
O motivo da vida.

Ouvi,
A palavra dita,
O som emitido,
O conjunto das notas,
Serenata pra mim.

Provei,
O sabor dessa pele,
Nem salgada nem doce,
De tempero exato,
Iguaria do amor.

Senti,
O perfume no ar,
E também no lugar,
O cenário sereno,
Completando você.

Imaginei ser um sonho,
Um provável delírio,
Com certeza era um anjo,
E o perfume comigo.

Percebi meu engano
Quando ouvi o sussurro
As palavras diziam
O desejo do anjo.

“Queria que estivesse aqui, ao meu lado.
E passar o dia sentindo o seu hálito,
Ouvindo sua voz,
E chamando meu nome.

Me perder em seus braços
eu adoraria,
Aliás, tudo o que eu mais queria,
Era sentir você..."


(inspirado no filme Cidade dos Anjos)

13 junho 2006

Sentimentos

(recebi em slides por e-mail. Não sei o autor.)
SAUDADE...
é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e...
não consegue.

LEMBRANÇA...
é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.

PREOCUPAÇÃO...
é uma cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair do seu pensamento.

INDECISÃO...
é quando você sabe muito bem o que quer...
mas acha que devia querer outra coisa.

INTUIÇÃO...
é quando seu coração dá um pulinho no futuro e...
volta rápido.

PRESSENTIMENTO...
é quando passa em você um trailer de um filme que...
pode ser que nem exista.

VERGONHA...
é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora.

ANSIEDADE...

é quando sempre faltam alguns minutos para o que quer que seja.

INTERESSE...

é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.

SENTIMENTO...
é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.

RAIVA...
é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.

TRISTEZA...
é uma mão gigante que aperta o coração.

FELICIDADE...
é um agora que não tem pressa nenhuma.

LUCIDEZ...
é um acesso de loucura ao contrário.

RAZÃO...
é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e...
assume o comando.

AMIZADE...
é quando você não faz questão de você
e se empresta para os outros.

07 junho 2006

Certeza

Muitas vezes vi este trecho escrito em diversos lugares. Umas diziam que o autor era Fernando Pessoa (Português), outras que pertencia a Fernando Sabino (Brasileiro).
Verdade seja dita. Este pequeno trecho faz parte do final da primeira parte do livro "O encontro marcado" de Fernando Sabino, que, INFELIZMENTE, faleceu na primavera de 2004, deixando, nós, brasileiros, mais uma vez órfãos de grandes referências para leitura.

A seguir, o trecho:

“De tudo, ficaram três coisas:
a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”

E agora em poema, com algumas modificações:

Certeza
De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar....
Portanto, devemos
Fazer da interrupção um caminho novo ...
da queda um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro...
(Livro O encontro marcado, de Fernando Sabino, 1923-2004)

02 junho 2006

YIN SEM YANG (poema)

E lá estava ela, à minha frente,
Os olhos observando,
sendo observados.
Castanho-amendoados, hipnóticos,
agora desafiantes.

Fora os olhos, os cabelos,
Antes negros e brilhantes,
Agora sei lá,
Nem negros, nem caju, nem vermelhos,
Intocáveis e presentes,
Completando as profecias do olhar.

E como se ainda não bastasse
Seus lábios movem,
Não o movimento sedutor
dos amantes em beijo ardente
Mas de negação, de secura
Do deserto imposto em um coração.

Um coração que por mais protegido,
Revestido pela silhueta de uma dama
elegante, bela e educada,
Agora assemelha às muralhas da China,
Intermináveis, altas
Perdendo-se ao longe no horizonte.
Qualquer vivente desanima e impressiona só de olhar.

Fora essa muralha frente aos olhos,
Ainda ressoava uma canção
Nem triste nem alegre, melancólica,
notas de uma voz doce e delicada,
Que agora se tornam pausas,
Síncopes desconcertantes e destrutivas
Vindas de algum lugar.

Não há tempo, elementos ou contexto,
Não há fim nesse momento,
Sós, a seção de um em dois,
a meiose, a vida continua,
Incompleta, incorreta, incerta,
Um Yin sem um Yang.

31 maio 2006

Paroles Et Silence

Paroles et Silence
De Florian Bernard

(Tradução para o português)
Palavras e Silêncio

Há algumas coisas que são lindas demais para serem descritas por palavras. É necessário admirá-las em silêncio e contemplação para apreciá-las em toda a sua plenitude.

É necessário tão poucas palavras para exprimir a sua essência. As grandes falas servem freqüentemente só para confundir ou doutrinar. O silêncio é freqüentemente mais esclarecedor que um fluxo de palavras. Olhe para uma mãe diante do seu filho no berço. Ele consegue muito bem tudo o que quer sem dizer nenhuma palavra.

Na realidade, as palavras devem ser a embalagem dos pensamentos. Não adianta fazer discursos muito longos para expressar os sentimentos de seu coração. Um olhar diz muito mais que um jorro de palavras.

Creio que, em sua grande sabedoria, a natureza nos deu apenas uma língua e dois ouvidos para que escutemos mais e façamos menos discursos longos.

Se um texto não é mais bonito do que o silêncio, então é preferível não dizer nada. Esta é uma grande verdade sobre a qual os grandes dirigentes deste mundo deveriam meditar. Quanto mais o coração é grande e generoso menos palavras se tornam úteis...

É necessário se lembrar do provérbio dos filósofos: as verdadeiras palavras não são sempre bonitas, mas as palavras bonitas nem sempre são verdades

É características das grandes mentes fazer com que em poucas palavras muitas coisas sejam ouvidas . As mentes pequenas acham que têm, pelo contrário, a concessão para falar e não dizer nada. Falam bobagens, mas há aqueles que sabem o que escutar para colher.

Se poucas palavras são necessárias para dizer "eu gosto de você", todas as outras que poderiam ser ditas são supérfluas...

Sim e não são as palavras mais curtas e fáceis de serem ditas mas são aquelas que trazem as mais pesadas conseqüências

São necessários apenas dois anos para que o ser humano aprenda a falar e toda uma vida para que ele aprenda a ficar em silêncio.

Ser comedido em suas palavras não é um defeito mas prova de profunda sabedoria.
Aquele que fala muito quase nunca tem sucesso para organizar as coisas .Tende antes a confundir .
============Texto Original ==============

Paroles et Silence
(Florian Bernard)

Il y a parfois des choses qui sont trop belles pour être décrites par des paroles. Il faut les admirer dans le silence et le recueillement afin de les apprécier dans toute leur plénitude.

Il faut si peu de mots pour exprimer l'essentiel. Les grands discours ne servent souvent qu'à embrouiller ou endoctriner. Le silence est souvent plus révélateur qu'un flot de paroles. Regardez une mère avec son enfant au berceau. Celui-ci sait très bien obtenir tout ce qu'il veut sans dire le moindre mot.

En réalité, les paroles doivent être l'emballage des pensées. Il ne sert à rien de faire de longs discours pour exprimer les sentiments de son coeur. Un regard en dit davantage qu'un déversement de paroles.

Moi je crois que dans sa grande sagesse, la nature nous a donné une seule langue, mais deux oreilles pour que nous écoutions davantage et que nous fassions moins de longs discours...

Si un discours n'est pas plus beau que le silence, alors il est préférable de ne rien dire. C'est une grande vérité que les dirigeants de ce monde devraient méditer. Plus le cœur est grand et généreux, moins les paroles sont utiles.

Il faut se rappeler l'adage des sages et des philosophes: les paroles vraies ne sont pas toujours belles, mais les belles paroles ne sont pas toujours vraies...

C’est le caractère des grands esprits de faire entendre en peu de paroles beaucoup de choses. Les petits esprits, au contraire ont le don de beaucoup parler, et de ne rien dire. Qui parle sème, mais celui qui sait écouter récolte.

S’il ne faut que deux mots pour dire «Je t’aime», toutes les autres paroles qu’on pourrait alors prononcer sont superflues...

Oui et non sont les mots les plus courts et les plus faciles à prononcer, mais ce sont ceux qui entraînent souvent les plus lourdes conséquences.

Il faut environ deux ans à l'être humain pour apprendre à parler et toute une vie pour apprendre à se taire.

Etre avare de ses paroles n’est pas un défaut, mais une preuve de sagesse. Celui qui parle beaucoup ne réussit guère à arranger les choses; il a plutôt tendance à les embrouiller.

17 maio 2006

O Pequeno Príncipe - Sou brasileiro e não desisto nunca (parte III)

Somos carentes, uns carentes de necessidades financeiras, outros de necessidades sociais, mas todos de sentimentos.
Aliás, o combustível de todos os homens é o sentimento, tanto bom quanto ruim. Todos nós buscamos o reconhecimento do valor pessoal, buscamos ser de alguma importância para um determinado grupo ou, pelo menos, para alguém.
Outro sentimento extremamente vinculado ao reconhecimento é a confiança. Somente nós sabemos o nosso real valor, a dimensão exata que ele tem, portanto nada mais justo que pensarmos duas vezes antes de confiarmos tanta preciosidade nas mãos de outrem. O mesmo vale no caminho inverso, o grupo ou a pessoa também vai ponderar bastante até confiar plenamente (Falar de confiança é assunto pra mais de metro, então vamos falar somente sobre ela num outro momento). Mas, ainda no assunto confiança, de uma coisa sabemos: ela está intimamente ligada à conquista, à maneira de dar atenção, ao cuidado dedicado ao outro.
Pronto! Conquistou?
Então quebrou a barreira da confiança!
Confiou?
Então não pode vacilar porque está cuidando de algo muito valioso e imensurável: o sentimento do outro. Em outras palavras, alguém criou um sentimento por você e espera que você não o decepcione. Qual sentimento? Bem! Varia do tipo de relação que há entre cada um. Profissional, financeira, emocional, psicológica, por afinidade... Por aí vai.
Todos somos responsáveis pelos cuidados do outro e é isso que fará a diferença. Todos nós nos tornamos importantes, o que muda é a maneira como nos mantemos e cuidamos dessa importância. Simples, mas também complexo. Simples porque conquistar é fácil, complexo porque lidamos com o outro, com os sentimentos do outro, e o outro é sempre uma caixinha de surpresas.
Tudo bem! Não é motivo de preocupação. Haverá erros, haverá tropeços, mas um pequeno detalhe NUNCA, NUNCA MESMO, deverá ser esquecido: a constante preocupação e o cuidado com o outro, com as conseqüências dos atos feitos ou não feitos, das palavras ditas ou não ditas. Qualquer estrago feito por ação ou palavra deve ser corrigido o mais rápido possível porque, em última instância, o que está em jogo é a conquista, a confiança, a pessoa que se tornou cativa de nós por confiar o que tem de mais importante, seu valor.

Todos somos príncipes, todos somos ricos, pois todos temos muitas riquezas que a cada dia crescem mais, as pessoas, suas afinidades, seus valores, e a importância que nos dão por nos oferecerem suas pérolas. Saint Exupéry foi muito feliz em seu livro O pequeno príncipe.
Nossos governantes precisam ler histórias infantis, pelo menos eles aprenderiam a ver que nós mantemos nossos valores desde a infância, embora estejamos crescidos. Aí eles veriam também que não é preciso investir tanto dinheiro para ser eleito e para atingir uma determinada meta, basta a conquista da confiança por realmente proporcionar a nós todos o que necessitamos, o nosso reconhecimento como gente, como nação, como um povo merecedor de dignidade por ter um valor único, o de ser brasileiro. Aos governantes deixo a frase:
“Tu te tornas inteiramente responsável por aquilo que cativas”

13 março 2006

Reconheça um valor humano

“(...) Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: ‘Você tem significado para mim’. Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.”
(O poder da validação)

A algum tempo o autor de livros técnicos de administração e contabilidade, o ex-professor da FEA-USP, mestre em administração e atual conferencista Stephen Kanitz, por seu potencial em desenvolver questionamentos das respectivas áreas e escrever, é uma referência de estudo admirável. Em suas palestras, aparições e entrevistas, fora leituras mais freqüentes em seu site, percebemos também tratar-se de um ser humano ponderado, com reflexões e conceitos muito bem embasados sobre a arte da vida, o relacionamento das pessoas, o viver em comunidade. Em seu artigo sobre validação de pessoas, ele deixa muito claro como lidar com uma parte muito importante do “goodwill” da empresa, o ser humano.

Quando ele disse que “validar alguém seria confirmar que ela tem valor”, está deixando claro o quanto nós somos movidos por estímulos, tanto negativos quanto positivos, e essa constante validação é o que faz a diferença em nossa vida.

O adulto emotivo-infantil (citado anteriormente em meu artigo "ser educado ou ser educado"), por tratar-se de um adulto com problemas super ou sub-desenvolvidos de estima e de comunicação, que afetam sensivelmente seu lado relacional, enquadra-se muito bem nessa situação e de certo modo, torna-se um entrave em determinados momentos da empresa. Ele tem uma necessidade maior de validação, de atenção, de feed-backs positivos. Percebemos uma fragilidade em seus trabalhos, suas produções, seus serviços, e necessidade de bem-estar nesse aspectos, ou mesmo o inverso, um destaque pelo excesso de auto-exigência como compensação dessas fragilidades.

Oras! O tato não deve ocorrer somente com essas pessoas mais sensíveis ou mais fragilizadas emocionalmente, mas com todos os humanos, sem distinção. Todos nós temos nossas intempéries, o problema é como perceber essas nuances.

Antes de sabermos validar alguém, de colocarmos pontos positivos, precisamos saber observar, e muito, os detalhes, senão acabamos caindo naquela falha dos horóscopos genéricos, aqueles que sempre aparecem em jornais e revistas, acabamos falando coisas que normalmente todas as pessoas têm em comum e que, por regra, fatalmente irá acontecer.

É com essa visão que percebemos a diferença de um líder e um gestor de uma empresa. O líder NECESSARIAMENTE tem a obrigação de conhecer, e muito bem, a personalidade de cada um, caso contrário, como manterá a motivação daquele indivíduo em alta? O gestor, por ter uma visão mais voltada à empresa, se apega mais aos resultados dela, a fatores mais palpáveis, mais objetivos e sujeitos a modificações.

Liderar é validar, mas antes de tudo, é observar. A observação começa de dentro para fora. Se não nos conhecemos, como conheceremos o outro? Precisamos conhecer nossos valores, saber a importância de cada um deles, para somente depois começar a questioná-los e reforçá-los, ou substituí-los. Só depois, num segundo momento, estaremos aptos a validar as pessoas. é deste ponto em diante que começará a segunda etapa para uma validação justa.

É importante conhecer a fundo o limite entre opinião própria (pessoal) e opinião empresarial. Determinada pessoa pode não ser boa relacionalmente para você, mas como profissional, tem todas as virtudes para gerar os questionamentos, os atritos necessários para a “máquina” andar. Visões distintas são sempre positivas por abranger um maior leque de opções, e possibilitam uma maior proatividade na correção de possíveis erros e falhas. Por isso a importância em discernir a opinião pessoal da opinião empresarial. Cabe ao administrador, líder de determinada equipe, saber ponderar esses atritos e minimizá-los para que sejam favoráveis, e não o contrário, com a finalidade de desenvolver e aprimorar. Nessas horas, valores como respeito e tolerância devem ser muito cultivados.

Só depois da observação, da ponderação e análise, deverá ocorrer a validação. Não sem um filtro inicial. É importante? O conhecimento disso ajudará a pessoa? E se for uma validação meio-positiva, necessária a mudanças internas do indivíduo entrará a comunicação, a capacidade de expressar sem machucar o outro. Aí o valor da observação. Qual o melhor momento? Como falar? Como não mentir? Como não machucar ou machucar o mínimo? Como mostrar o reflexo dessa mudança?

Tá! Existem muitos livros de psicologia, muitos livros de RH, mas na hora mesmo de falar não existe uma fórmula correta porque cada pessoa é única e todas elas, sem exceção, sempre são uma caixinha de pandora. Em resumo, saiba falar, caso contrário reflita melhor antes de expor a validação.

Validar é necessário, é a expressão do valor da pessoa, mas observar é conhecer os detalhes e a melhor forma de validar. Em outras palavras, Deus nos deu dois olhos para uma boca, qual seria o motivo senão ver mais e falar somente o que é preciso? Não devemos esquecer ainda que para essa uma boca existem dois ouvidos, para entrar a informação, filtrá-la e deixá-la bem guardada.

Palavras são como prata, o silêncio, ouro; palavras destroem uma cidade, o silêncio, um país. Saiba validar, antes, saiba como validar.

Até a próxima!

08 março 2006

Deus é mulher!

Então Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” (Gen 1, 26), “e da costela que tinha tomado o homem, o senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem.” (Gen 2,22)

Daí vem a frase: se a mulher foi criada a partir de uma costela, imagina se fosse do filé mignon... Brincadeiras à parte, é óbvio que Deus é mulher. Não! Não estou desmerecendo nossa participação na vida enquanto homens. Ao contrário, nós também temos nossa importância. Também não quero contrariar os dogmas da Igreja Católica, muito menos tenho a intenção de gerar polêmicas, mas as evidências apontam claramente para isso.
Oras! Imagem e semelhança é uma coisa séria. Já observaram todos os animais e suas raças existentes? Na sua grande maioria, o destaque da beleza, da elegância e do charme é de quem? Do macho. E no caso específico do homem, o homo sapiens? A mulher.
A capacidade de ser “quase” semelhante a Deus, de gerar a vida (23 cromossomos à parte! Esse lance de biologia e reprodução.) e nutri-la durante 9 meses de gestação é de quem? Da mulher.
As dores suportadas, sejam físicas ou emocionais, pelos entes queridos é mais evidente em quem? Na mulher.
A transparência, a fé, a falta de vergonha em demonstrar claramente os sentimentos está em quem? Na mulher. A força, o mistério, a suavidade, o amor, a leveza, o carinho, a docilidade, o ardor, a esperança, o sonho? Mulher, mulher, mulher, mulher...
Tem tantos filmes sobre ciborgues, humanóides, super-homens modificados geneticamente... Eu digo que ou isso é muita falta de observação, ou é muita inspiração no sexo feminino. Claro! Só o fato de ser mulher já tem suas exigências: cuidados para pele, cabelo, pés, mãos, manutenção de peso, críticas sobre combinação de cores e objetos. Aí soma-se a eles o lado mãe: cuidados com nutrição de filhos, saúde, educação, limpeza, organização. Adiciona-se ainda o lado esposa: o charme, a sedução do marido, o perfume, o zelo, o cuidado, a dedicação nas coisas que o agradam. E por fim, fora tudo o que já lhe é consagrado mais por direito que por obrigação, acrescentamos ainda o lado profissional: mais dedicação, atenção, cuidado, lógica, eficiência, eficácia, bom-senso... Ufa!
O que seria do capitalismo se não fossem as mulheres? E as nuances existentes em cada lugar? Onde estão os detalhes? Mulheres. É mais do evidente que o planeta gira em torno de um centro, não o orbital, mas o feminino.
As canções, a paixão ardente, o amor, o motivo em continuar uma vida, tudo tem sempre alguma coisinha ou um detalhe, por menor que seja, ligados à mulher.
E pra encerrar, quem melhor ensina a todos nós a diferença entre amor e paixão, mais por experiência que por estudo? Não só o amor carnal, mas também o fraterno, da solidariedade entre todos os homens? A mulher.

Verdade seja dita, Deus é mulher!

Louvado seja, meu Deus, por tua imagem e semelhança, a mulher!

(Esse artigo é meu reconhecimento e meu muito obrigado, não somente ao dia 8 de março mas a todos os dias, àquelas que nos alimentam, nos inspiram, e nos faz sermos verdadeiros humanos.)

23 fevereiro 2006

Beethoven - O valor das pausas

Pessoa admirável era Ludwig Van Beethoven. Privado do que mais necessitamos para apreciar a música, simplesmente compôs maravilhas. Não posso afirmar mas ouso inferir que sua percepção musical simplesmente inspirou muitas ciências, ou profissões, relacionadas com a música. Creio inclusive que uma delas é a musicoterapia.
Com a degradação acelerada da sua capacidade auditiva, ele percebia as vibrações e duração dos sons pelo tato das mãos ou dos pés. Agora imaginem o seu desenvolvimento interno e intimidade com as notas!
Nosso corpo é uma imensa caixa de som, uma incrível ressonância sonora. Um pequeno detalhe, para conseguirmos sentir, ou perceber a localização, a vibração de cada som dentro do nosso corpo, precisamos aprender a não ter a presença do som, precisamos de silêncio, e silêncio absoluto. E assim Ludwig compôs sua maior e mais famosa obra musical, a nona sinfonia. Caramba! É de impressionar... E também de nos deixar envergonhados. O cara saber, por sua percepção, a diferença das vibrações entre cordas, sopros, peles e metais e o momento exato em que eles se complementam. Não estou desmerecendo o fato dele ser um maestro, um regente, um músico, mas evidenciando sua limitação humana, a SURDEZ.
Na música, pausas, ou silêncios, são ausências de sons. Cada uma delas tem seu tempo, sua duração, sua intensidade e sua vibração, ou seja, suas variações ocorrem conforme a necessidade da obra musical. Na vida, a maior obra musical existente, as pausas também existem, e muito.
Tenho por natureza a ansiedade e a necessidade de estar fazendo algo, e só costumo parar quando realmente me sinto cansado. Já perdi as contas de quantas vezes me falaram para ficar quieto e calado para perceber melhor as coisas, mas me perguntem se eu queria ouvir... Pois é! Se não vai por amor, vai pela dor! Agora eu entendo minha dificuldade em solfejar (para quem não sabe, solfejo é a verbalização de cada nota e seu respectivo som através da leitura e da identificação na partitura musical). Ele exige memorização e percepção, além da localização no corpo da vibração específica de cada nota. Em outras palavras, exige auto-conhecimento.
Viram a importância das pausas, ou do silêncio? Eles nos levam ao auto-conhecimento. Alguns dizem que auto-conhecimento é coisa de religioso, oriental, pessoas meio zen, espiritualistas. Eu digo que é isso tudo, mas também é simplesmente auto-desenvolvimento, ou filosofia pura. Já dizia Sócrates, 470 ou 469 a.C (muito antes de Cristo), “Conhece-Te a Ti Mesmo”, que significa precisamente consciência racional de si mesmo, para organizar racionalmente a própria vida. Pergunto de novo, entenderam o valor das pausas?
Tô saindo dos 3.4 e chegando nos 3.5, quase metade da vida normal do ser humano. Só agora to entendendo REALMENTE o valor das pausas. Estou “pausando” mais, calando mais, me escutando mais, às vezes acho até que é devido à minha idade, mas no fundo é porque não ando satisfeito comigo mesmo. O homem é um eterno insatisfeito.
Beethoven começou seus indícios de surdez aos 26 e ficou totalmente surdo aos 36, ele pensou em suicídio. Para alguém que vivia só da música, seu ganha-pão, "foi a arte, e apenas ela, que me reteve. Ah, parecia-me impossível deixar o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim!"
Seu testamento, o testamento de Heilingenstadt, é uma lição de vida. Lá consta "Divindade, tu vês do alto o fundo de mim mesmo, sabes que o amor pela humanidade e o desejo de fazer o bem habitam-me".
Por ele ter sido um adolescente introspectivo, tímido e melancólico, freqüentemente imerso em devaneios e "distrações", seria fácil conviver com o silêncio, as pausas, mas ainda assim foi difícil esse convívio.
Imaginem nós, que temos total capacidade auditiva e temos todo o conhecimento e a tecnologia a nosso inteiro dispor. É tanta coisa para absorver que acabamos não nos absorvendo, não nos conhecendo, por isso essas duas frases têm me acompanhado tanto:

“Conhece-te a ti mesmo”
(Sócrates de Atenas)

"Divindade, tu vês do alto o fundo de mim mesmo,
sabes que o amor pela humanidade e o desejo de fazer o bem habitam-me."
(Ludwig Van Beethoven)
Não acham que precisamos parar mais?
Até a próxima!

22 fevereiro 2006

Todo silêncio diz muito (poema)

Para quem não sabe, ser músico também exige combinar palavras, saber colocá-las. Exige mais ainda saber expor, em determinadas situações, sentimentos pessoais.
Sim! Música é uma oração sincera da alma, é uma externalização do que temos de melhor a oferecer também. E todos sabemos que muitas músicas expressam exatamente o que sentimos, ou marcam determinado momento pelo que dizem ou pela forma que mexem em nosso âmago.
Então, como eu ando nos meus momentos de "pausas de breves", tenho utilizado o pouco conhecimento que sei nas palavras para escrever.
Dessa vez vou deixar uma poesia/reflexão que fiz em maio de 2005 e que tem muita importância para mim pelo que ela representa. Minha intenção é de um dia transformá-la em música, de harmonizá-la, mas como até o momento não tive inspiração alguma em "namorar" meu violão, deixo a letra à disposição e reflexão para qualquer pessoa ler e quem sabe se identificar ou se encontrar nela.
Um abraço e prometo colocar um artigo na outra semana.


Todo silêncio diz muito

Todo silêncio diz muito no olhar,
observar e aprender
Que a verdade está nas palavras ditas
Mas também no corpo que insiste
Em negar o que elas em vão
Tentam mostrar

Todo silêncio diz muito nos gestos,
a ansiedade, a frieza das mãos,
a presença, a distância, disfarçadas
num sentimento que vem e que vai
como a brisa do vento que sopra
e move as folhas diferentemente
a cada manhã

Todo silêncio diz muito na ausência,
reclusão total, a fraqueza e a força
O erro e o acerto,
A importância do ser
e a vaidade do ter

Todo silêncio diz muito,
num sim, um sorriso,
num não, desafeto,
num talvez, o incerto,
ou sonho, ou desprezo,
ou defesa em não ter
um mero sofrer

Todo silêncio diz muito na dor,
a perda, a rejeição, a tristeza,
um imenso vazio, a saudade,
um não saber como voltar a viver

Todo silêncio diz muito,
A imaturidade, a pureza,
A inocência, a certeza
Que o amor próprio está
perdido só em você

Todo silêncio diz muito
Diz o que quer, que não quer,
Que está, que não deixa
Que esconde, que faz,
Que protege o que tem,
Um verdadeiro amor.

Todo silêncio diz muito,
por mais que signifique,
por menos que dure,
Seja o que for...

13 fevereiro 2006

Hexa! Hexa! Hexa! – Sou brasileiro e não desisto nunca (parte II)

Minhas desculpas aos meus leitores, estou atrasado em meu artigo. Sá’cumé, né! Começo de ano, correria pra lá, pra cá...
Esse ano tem tudo para ser O ano. Depois de tudo o que aconteceu na política desse país em 2005, teremos nova eleição. Ueba! Mais uma vez vamos mostrar nosso amor à pátria amada. A questão é: votar em quem? Lula, o ingênuo e desinformado presidente que não sabe dos ratos que andam sob as barras de suas calças? Serra, o indicado pela atual oposição (PSDB) do ex-presidente FHC que, coincidentemente, vendeu grande parte do país? Garotinho, o santinho certinho e todo purinho que aprontou todas no governo do Rio e mal sabe que a mídia tá de olho?
Quer saber, acho que a gente precisa mudar geral. Precisamos de alguém realmente íntegro, que saiba onde aperta o sapato e onde dói o calo. Precisamos realmente de mudança, uma saia na presidência como o Chile! É! Isso mesmo! Precisamos de uma mulher. Uma mulher que tenha brios, que tenha integridade e que seja justa. Querer integridade e justiça é difícil, né! Mas não impossível. Eu venho acompanhando uma senadora que era petista, que não tem papas na língua e que não mede esforços em mostrar toda a podridão do congresso... mas não sou cabo eleitoral, sou apenas um brasileiro que ama o país.
Pois é! Por amar o país, sei também que temos grandes chances de levar mais um título com nossos brasileiros não residentes, nossa trinca de “R”, Robinho, Ronaldo e Ronaldinho gaúcho. Fato, a taça é nossa, e verdade seja dita, a Inglaterra inventou o futebol mas foi o Brasil quem o adotou... Eles bem que podiam ser candidatos a presidente também, né! Em nossa exigência eleitoral não consta graduação...
Lamento mas não tô louco não! E volto a insistir, não temos opção. Aliás, temos opção sim. Vamos boicotar a eleição. Vamos votar no melhor candidato que existe, e não é o macaco Tião do zoológico do Rio de Janeiro, vamos votar no candidato NULO. Sabiam que se 50 por cento mais um votarem em NULO a eleição é impugnada e os candidatos devem ser trocados? Então! Vamos votar no único candidato decente, o NULO (Mesmo assim ainda não parei de pensar na primeira sugestão, aquela mulher...).
Agora um pequeno alerta. Nossos congressistas estão menos ambiciosos, aprovaram a redução do recesso parlamentar e fim do salário extra. Eles andam tão conscientes e tão corretos, né! Não querem explorar o povo, a nação... Pres’tenção, pessoal! Isso também é golpe! Tudo para terem um ganho na base eleitoral...
Tô até vendo o discurso: “eu apresentei a proposta de recusa do salário extra, votei pela redução do salário, votei a favor da redução do tempo de recesso”. Não se deixem iludir, são lobos em pele de cordeiro.
Sou brasileiro e não desisto nunca. Tenho fé em Deus que a taça vem pra cá de novo (fazer o quê se não tem time equivalente ao nosso, né!), e com a taça virá também um novo governo mais decente, diferente dos anteriores, que leve à sério nossa soberania e capacidade, que tenha consciência do nosso valor, que tenha amor por nossa terra e por nós, moradores tupiniquins. Tenho mais fé ainda que iremos nos orgulhar desse governo pelo reconhecimento que teremos lá fora, pelos outros. Afinal, nós brasileiros só acreditamos em nós mesmos quando são os outros que falam... Aí nossa história muda. Quem sabe não poderemos fazer como nossos pais: “no governo Getúlio foi assim, no governo JK era assado”. A gente vai poder dizer “no dia que trouxemos a taça do hexa, fulano, ou fulana, foi eleito (a), aí tudo mudou...
Valeu!

05 janeiro 2006

“SER” Educado ou ser “EDUCADO”?

Já perceberam quantos ótimos profissionais atuam no mercado que são péssimos humanos no trato? Advogados arrogantes, médicos supra-sumos, e o mais horrendo, administradores que se acham deuses... É um problema crônico que começa na base.

Com que idade uma criança começa a estudar? E quando termina? Hoje nós temos o ensino infantil, o fundamental, o médio e o superior (até recentemente 1º grau ou primário, 2º grau ou secundário e 3º grau ou superior). Ao todo são 18 anos de cadeira de escola, com 5 horas diárias de aula (se considerarmos a entrada no pré com 5 anos, sem repetições ou atrasos nos demais anos, e sem contar o tempo de especialização, de pós-graduação, mestrado e doutorado. Nem vou entrar no mérito do tempo de creche). Considerando as demais necessidades - inglês, computação, exercícios físicos - temos umas 8 a 10 horas diárias.
Oras! O dia tem 24 horas! Já foram consumidas 10 horas. Mais 8 horas de sono necessárias para o descanso, sobraram 6. SEIS míseras horas para educação emocional.
Detalhe! A formação da personalidade coincide justamente com a idade em que passamos a nos tornar “encadeirados”: 4 a 5 anos.
Não acham que existe uma DESPROPORÇÃO nessa educação? 10 prá 6? Aprendemos a ler símbolos e sinais de escrita mas não aprendemos a ver as vírgulas do outro, aprendemos a nos comunicar (escrever) mas não aprendemos como comunicar (falar, expressar), aprendemos a raciocinar mas não aprendemos como filosofar (questionar as coisas), enfim, aprendemos a entender os porquês mas não em compreendê-los.
Qual a conseqüência? Nos tornamos adultos crianças! Isso mesmo! Crianças crescidas que não sabem lidar com os próprios sentimentos e menos ainda com os sentimentos alheios.
Colhemos o que plantamos! A não convivência a dois por falta de compreensão, de tolerância, a maximização do conceito “descartável” (vale enquanto é útil) e do individualismo (eu sou, eu quero, eu posso, eu consigo).
O conceito de moral começa cedo, enquanto crianças, através da mnemônica inconsciente, das pessoas em quem admiramos e que nos são exemplos. Se convivemos ou absorvemos pouco com elas qual será nossa referência? Pessoas estranhas ao nosso meio, que não têm sentimentos suficientes que se aproximem aos dos genitores, nos tornando crianças sem limites e se achando super-poderosas, mais desrespeitosas. Temos uma nova estrutura familiar que cada vez mais se altera em virtude das exigências do mercado. Temos um novo tipo de ser humano, o órfão emocional, ou emocional carente, ou mesmo o adulto emotivo-infantil (acho até que deveria ser incluído nos direitos e deveres da criança e do adolescente).
Sempre achamos que o governo deveria atender as necessidades básicas como educação e saúde e sabemos que isso é bem capenga nesse “Brasilzão” de Deus. Mas para isso não temos a quem culpar, não temos para quem empurrar a responsabilidade. Abramos nossos olhos! Que a criança de hoje não seja um adulto emotivo-infantil amanhã.

Até a próxima!