13 março 2006

Reconheça um valor humano

“(...) Você sempre será um ninguém, a não ser que outros o validem como alguém. Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: ‘Você tem significado para mim’. Validar é o que um namorado ou namorada faz quando lhe diz: "Gosto de você pelo que você é". Quem cunhou a frase "Por trás de um grande homem existe uma grande mulher" (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia poderá dar.”
(O poder da validação)

A algum tempo o autor de livros técnicos de administração e contabilidade, o ex-professor da FEA-USP, mestre em administração e atual conferencista Stephen Kanitz, por seu potencial em desenvolver questionamentos das respectivas áreas e escrever, é uma referência de estudo admirável. Em suas palestras, aparições e entrevistas, fora leituras mais freqüentes em seu site, percebemos também tratar-se de um ser humano ponderado, com reflexões e conceitos muito bem embasados sobre a arte da vida, o relacionamento das pessoas, o viver em comunidade. Em seu artigo sobre validação de pessoas, ele deixa muito claro como lidar com uma parte muito importante do “goodwill” da empresa, o ser humano.

Quando ele disse que “validar alguém seria confirmar que ela tem valor”, está deixando claro o quanto nós somos movidos por estímulos, tanto negativos quanto positivos, e essa constante validação é o que faz a diferença em nossa vida.

O adulto emotivo-infantil (citado anteriormente em meu artigo "ser educado ou ser educado"), por tratar-se de um adulto com problemas super ou sub-desenvolvidos de estima e de comunicação, que afetam sensivelmente seu lado relacional, enquadra-se muito bem nessa situação e de certo modo, torna-se um entrave em determinados momentos da empresa. Ele tem uma necessidade maior de validação, de atenção, de feed-backs positivos. Percebemos uma fragilidade em seus trabalhos, suas produções, seus serviços, e necessidade de bem-estar nesse aspectos, ou mesmo o inverso, um destaque pelo excesso de auto-exigência como compensação dessas fragilidades.

Oras! O tato não deve ocorrer somente com essas pessoas mais sensíveis ou mais fragilizadas emocionalmente, mas com todos os humanos, sem distinção. Todos nós temos nossas intempéries, o problema é como perceber essas nuances.

Antes de sabermos validar alguém, de colocarmos pontos positivos, precisamos saber observar, e muito, os detalhes, senão acabamos caindo naquela falha dos horóscopos genéricos, aqueles que sempre aparecem em jornais e revistas, acabamos falando coisas que normalmente todas as pessoas têm em comum e que, por regra, fatalmente irá acontecer.

É com essa visão que percebemos a diferença de um líder e um gestor de uma empresa. O líder NECESSARIAMENTE tem a obrigação de conhecer, e muito bem, a personalidade de cada um, caso contrário, como manterá a motivação daquele indivíduo em alta? O gestor, por ter uma visão mais voltada à empresa, se apega mais aos resultados dela, a fatores mais palpáveis, mais objetivos e sujeitos a modificações.

Liderar é validar, mas antes de tudo, é observar. A observação começa de dentro para fora. Se não nos conhecemos, como conheceremos o outro? Precisamos conhecer nossos valores, saber a importância de cada um deles, para somente depois começar a questioná-los e reforçá-los, ou substituí-los. Só depois, num segundo momento, estaremos aptos a validar as pessoas. é deste ponto em diante que começará a segunda etapa para uma validação justa.

É importante conhecer a fundo o limite entre opinião própria (pessoal) e opinião empresarial. Determinada pessoa pode não ser boa relacionalmente para você, mas como profissional, tem todas as virtudes para gerar os questionamentos, os atritos necessários para a “máquina” andar. Visões distintas são sempre positivas por abranger um maior leque de opções, e possibilitam uma maior proatividade na correção de possíveis erros e falhas. Por isso a importância em discernir a opinião pessoal da opinião empresarial. Cabe ao administrador, líder de determinada equipe, saber ponderar esses atritos e minimizá-los para que sejam favoráveis, e não o contrário, com a finalidade de desenvolver e aprimorar. Nessas horas, valores como respeito e tolerância devem ser muito cultivados.

Só depois da observação, da ponderação e análise, deverá ocorrer a validação. Não sem um filtro inicial. É importante? O conhecimento disso ajudará a pessoa? E se for uma validação meio-positiva, necessária a mudanças internas do indivíduo entrará a comunicação, a capacidade de expressar sem machucar o outro. Aí o valor da observação. Qual o melhor momento? Como falar? Como não mentir? Como não machucar ou machucar o mínimo? Como mostrar o reflexo dessa mudança?

Tá! Existem muitos livros de psicologia, muitos livros de RH, mas na hora mesmo de falar não existe uma fórmula correta porque cada pessoa é única e todas elas, sem exceção, sempre são uma caixinha de pandora. Em resumo, saiba falar, caso contrário reflita melhor antes de expor a validação.

Validar é necessário, é a expressão do valor da pessoa, mas observar é conhecer os detalhes e a melhor forma de validar. Em outras palavras, Deus nos deu dois olhos para uma boca, qual seria o motivo senão ver mais e falar somente o que é preciso? Não devemos esquecer ainda que para essa uma boca existem dois ouvidos, para entrar a informação, filtrá-la e deixá-la bem guardada.

Palavras são como prata, o silêncio, ouro; palavras destroem uma cidade, o silêncio, um país. Saiba validar, antes, saiba como validar.

Até a próxima!

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