20 fevereiro 2009

Já dizia Raul...

Alguém sabe o que é viver de novo uma emoção?

Alguns dizem que é tão impossível quanto a água passar duas vezes na mesma curva do rio.
E eu devo concordar. É a mais pura verdade.

A mesma emoção é difícil, mais provável que ela seja mais ou menos intensa, mas a mesma é difícil.

Porém, ainda assim pode ser a mesma emoção. 
Mas porque seria a mesma emoção?

Porque ela demora tanto para acontecer que quando acontece já não temos memória pra saber se foi na mesma intensidade da anterior.

Oras!!! Algumas coisas dão a noção de que pode ser a mesma coisa.
A sensação de parecer adolescente, de novidade, de curiosidade, de inexperiência.

Mas acaba não sendo a mesma coisa mesmo porque existe a experiência.
E experiência nos faz deixar de ser meninos ingênuos e livres de conceitos.
Ela acaba estragando a pura emoção.

Claro que não pode ser a mesma emoção. 
Quando ela vem novamente já tem conceitos do aprendizado anterior.

Ehhh!!!!
A cada nova emoção vamos deixando de ser felizes.
Nossas experiências anteriores acabam influenciando na pureza da emoção.

Raul Seixas estava certo ao dizer que "ninguem neste mundo é feliz tendo amado uma vez".
Depois da primeira emoção nada mais consegue ser tão intenso a  ponto de superá-la.

Ai fica o saudosismo...

17 fevereiro 2009

...Queria muito entender isso!


Estranho. Fazia algum tempo que essas neuras da lingua portuguesa não populavam minha mente. Agora, com a reforma ortográfica, volto a vigiar meus escritos.

A frase no título recentemente me chamou a atenção. E lá fui eu para minhas pesquisas insanas entender o tal do “pretérito imperfeito do indicativo”.

A wikipédia diz que “expressa o passado inacabado, um processo anterior ao momento em que se fala, mas que durou um tempo no passado, ou ainda, um fato habitual, diário. Por isto, chama-se este tempo verbal de pretérito imperfeito, pois não se refere a um conceito situado perfeitamente num contexto de passado.”

“Coisa maluca, sô! Tinha que ser língua inventada por português mesmo.” Pensei eu com meus botões. Aí percebi que outras línguas também possuem o tal do “imperfeito” e provavelmente não haverá sido invenção dos portugueses.

Bom! Encucado com a tal da escrita fui logo dar um jeito de pegar uma cartilha e voltei a navegar (tô começando a achar que nasci para ser marinheiro. Qualquer coisinha e já tô eu navegando). E não é que achei um guia prático da Michaelis. Mas o guia não fala nada do tal "imperfeito". Imaginava eu, em minha simplória ingenuidade, que a nova ortografia ia além de meras alterações de acentuação ao ponto de chegar às regências verbais. Ledo engano!!!!!

Quer saber! Perdi a paciência. Imperfeito é imperfeito. Diz que quer mas não quer, que tem vontade mas passou, que deseja mas já acabou.

Tô chegando à conclusão que português é uma língua imperfeita...

08 fevereiro 2009

A cada dia o mundo morre um pouco

(Interpretar é uma arte- capítulo I)

Uns dias atrás ouvi de um amigo que "a cada dia o mundo morre um pouco".
Como estava muito atarefado concordei e voltei aos meus afazeres de profissional, mas aquilo ficou em minha memória.

Claro, né! Se quando não tinha um vivente dependente total de mim preocupava-me a idéia da inexistência de recursos suficientes em nosso sofrido planeta para atender os cada vez mais sedentos sanguessugas humanos (já estou me adequando à nova regra ortográfica), agora que tenho um, fico mais do que preocupado no que posso fazer para salvar a cada vez mais árida Terra para que ele tenha um pouco da qualidade que um dia tive.

Então! Comecei a observar o quanto somos acomodados com nosso egoísmo, nosso mundinho. No local onde trabalho foi determinado que qualquer lixo deveria ser classificado como papel, ou metal, ou plástico, ou lixo orgânico, ou não reciclável 

Parece fácil mas não é. Várias e várias vezes, ao me direcionar ao lixo coletivo e ficar ali pensando em qual lixeira eu deveria colocar um papel laminado ou envelopes de carta onde papel e plástico convivem como se fossem uma coisa só, observei que as pessoas simplesmente chegam lá e largam seus dejetos na lixeira que estiver mais próxima.

Sim, senhores, isso é vergonhoso! Duplamente vergonhoso! Primeiro pelo fato de eu não saber classificar em qual lixeira devo "desovar" meu inútil objeto. Segundo, por verificar que as pessoas nem se dão ao trabalho de ficar ali uns meros 3 segundos para pensar e classificar corretamente o lixo produzido.

Pasmem, senhores e senhoras, mas não é só isso. Observei que muitos humanos sanguessugas, em sua preguiça ou afazeres excessivos, são incapazes de se levantar de suas mesas e se deslocar até uma lixeira coletiva para ali classificar seu lixo diário. O que é isso? O famoso conflito da vida moderna chamado "preciso de mais tempo" e o tempo cada vez menor?

Pois é! Como solução eles adquiriram por conta própria uma lixeirinha para colocar sob suas mesas e ali depositar seus restolhos. E olhem que a empresa havia retirado todos os que existiam e ainda eram identificados com sua logomarca. Mas voltando ao assunto, ao final do dia eles nem levam à lixeira coletiva. Deixam lá para alguém da limpeza fazer o óbvio. Pelo menos alguma coisa boa dá prá observar,  geração de emprego continua...

Aí, ao final do expediente, quando pude me dar ao luxo de parar um pouco e conversar, resolvi retornar àquele meu amigo do início do texto prá trocar opinião sobre o que observei. Chego em sua mesa e observo que ele também tinha muitas coisas prontinhas para serem levadas às lixeiras seletivas (mas pelo menos ele tira um tempinho e deixa lá!).

Sentei à sua frente e comecei o assunto dizendo: "sabe aquela frase onde você disse que a cada dia o mundo morre um pouco?" Aí ele em sua profunda praticidade me responde: "Sei. Pois é! Para nós, em cada dia vivido o mundo morre um pouco. E olha que esse mundo não vai acabar nunca..."

A conversa mudou totalmente de rumo...