27 março 2009

Desejo

Título original: Os votos
Sérgio Jockyman

Pois, desejo primeiro que você ame
e que amando, seja também amado,
E que se não o for, seja breve em esquecer
e esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos e que,
mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis,
E que em pelo menos um deles você possa confiar,
que confiando, não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim,
desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
você se interpele a respeito de suas próprias certezas
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiadamente seguro.

Desejo, depois, que você seja útil, não insubstituivelmente útil,
Mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente,
E que essa tolerância não se transforme em aplauso nem em permissividade,
Para que assim fazendo um bom uso dela,
você dê também um exemplo para os outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais
e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer
e que, sendo velho, não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.

Desejo, por sinal, que você seja triste, mas não o ano todo,
nem em um mês e muito menos numa semana, mas apenas por um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra com o máximo de urgência,
acima e a despeito de tudo,
Talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã,
que existem oprimidos, injustiçados e infelizes,
e que estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos,
se você achar a convivência inevitável.

Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão
e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque assim você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
por mais ridícula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia-a-dia,
para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano,
você ponha uma porção dele na sua frente e diga:
Isso é meu. Só para que fique bem claro quem é dono de quem.

Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal,
não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que esse frugalismo não impeça você de abusar quando o abuso se impõe.

Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você.
Mas que, se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.

Desejo, por fim, que sendo mulher você tenha um bom homem,
E que sendo homem, tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez,
E novamente, de agora até o próximo ano acabar,
E que quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda tenham amor para recomeçar.

E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar.

06 março 2009

Reflexões

Muito interessante esse texto do recanto das letras. Clique no link abaixo:

Porque traímos?

A dor do não vivido

Carlos Drummond de Andrade

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advêm das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e de que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

04 março 2009

37 semanas


Caraca!

Tá chegando e eu me sinto totalmente perdido.

Sensação completamente nova. Ao mesmo tempo que estou feliz porque ele tá chegando estou angustiado por não saber se conseguirei ser um bom pai.

Deus! É tudo o que sempre quis. 

E depois de tanta luta, tanto sofrimento, depois de perdidas as esperanças, quando nem imaginava mais que seria capaz, aparece esse milagre de Deus.

O nome dele? João Lucas.

João por ser um agraciado por Deus, por ser um presente Dele.
Lucas por ser luminoso, por iluminar a vida.

João por ser o discipulo amado e fiel.
Lucas por ser o discipulo com preocupações curativas.

João por ser o primeiro nome de meu pai.
Lucas pelo fato de o discipulo se dedicar a Mãe de todos nós.

João por representar um caráter forte e ao mesmo tempo sereno.
Lucas por trazer paz, calma e temperança.

João Lucas,  seja bem-vindo em minha vida.

Que Deus me dê as condições para te ensinar todas as virtudes necessárias para ser diferença nesse mundo tão maluco.

Que Deus me dê condições de ser para você o que seu avô foi para mim.

Não demora muito pra chegar, viu.

Te amo, meu filho.